sábado, 4 de abril de 2009

POR MENOS, SAMPAIO DEMITIU SANTANA

Demissão de Henrique Chaves foi apenas um dos episódiosSampaio concluiu que a estabilidade governativa estava corroídaPor Teresa de Sousa, Luciano Alvarez01.12.2004A demissão de Henrique Chaves do cargo de ministro do Desporto e da Juventude, no passado domingo, embora se tenha tornado o centro da crise política, não foi a razão para que o Presidente da República, Jorge Sampaio, se decidisse pela dissolução do Parlamento. Nos últimos tempos foram-se avolumando os episódios que levam Sampaio a concluir que a estabilidade governativa estava corroída de forma irreversível.

Os episódios vão desde a polémica que envolveu o Governo e a comunicação social, até às diversas manifestações de quebra de confiança feitas sentir por muitos agentes económicos e sociais, passando ainda pelas dúvidas sobre a saúde da coligação governamental. A remodelação ministerial da semana passada (feita apenas quatro meses depois de o Governo tomar posse e que Santana considerou apenas um"reajsute") e a forma como o primeiro-ministro reagiu às muitas criticas que vinham da esfera de influência do PSD - discursando na qualidade de primeiro-ministro, Santana comparou o Governo a um bebé que está na encubadora e a quem os irmãos mais velhos vão dando estaladas e pontapés - foram também determinantes para Sampaio. Para o Presidente da República accionar a chamada "bomba atómica" contribuíram ainda os indicadores de falta de confiança da maioria população, reveladas através da maioria das sondagens, e dos agentes económicos e sociais, que não confiavam em Santana Lopes para garantir a estabilidade governativa e levar a cabo as políticas indispensáveis para fazer face à delicada situação do país sempre referenciada pelos principais economistas portugueses. As precupações dos empresários e de Cavaco Quando, na segunda-feira de manhã, se reuniu com Santana Lopes, Jorge Sampaio tinha já na sua mente que o primeiro-ministro tinha quebrado um dos pressupostos essenciais que o levaram, há quatro meses, a nomear o Governo: garantir a estabilidade política e governativa exigidas pela difícil situação económica-financeira que o país atravessa. Em Julho, Sampaio decidiu-se pela não convocação de eleições devido à situação económica do país, mas os indicadores económicos no poder do Presidente dizem-lhe que a situação continua a agravar-se. Essa ideia ganhou ainda mais força, depois de uma reunião da COTEC (associação que visa promover a inovação tecnológica no tecido empresarial português), que decorreu ao fim da tarde de segunda-feira, na qual foi expresso ao Presidente da República com uma grande veemência por diversos empresários de peso as consequências que a crise política estava a ter na já de si frágil economia do país. Também Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade, disse nesse dia que mais importante que assegurar a estabilidade política e económica, que "não é um valor absoluto", é apostar na realização de "alterações profundas, estruturais, para as quais o Orçamento do Estado de 2005 não dá qualquer indicação". Esta não era a primeira mensagem do género que o presidente recebia dos meios empresariais e no mesmo sentido ia o artigo de Cavaco Silva publicado no "Expresso" de sábado último. O ex-primeiro ministro fazia uma critica violenta ao Governo do seu próprio partido e apelava a necessidade de inverter imediatamente a situação. Poucos dias antes, o antigo líder do PSD tinha feito uma denuncia veemente da situação económica do país, alertado para o facto de Portugal estar há quatro anos a divergir da Europa, tendo já ido ultrapassado pela Eslovénia e podendo a breve prazo ser passado pela República Checa. Faltava, porém, ao presidente, um elemento importante para a tomada de decisão de avançar para eleições antecipadas num cenário de garantia de estabilidade. O PS vinha manifestando um escasso entusiasmo pela ideia de avançar já para eleições o que colocava um óbvio problema ao presidente na questão da estabilidade política. O PÚBLICO sabe que essa posição dos socialistas mudou na passada segunda-feira e que ecos dessa nova disponibilidade chegaram a Belém, ficando assim afastado o último factor que poderia levar Jorge Sampaio a adiar a decisão que ontem tomou.


Alterar tamanho de letra

4 ABRIL 2009 - 10.26h
Tesourinhos deprimentes
Categoria - Política
"Os episódios vão desde a polémica que envolveu o Governo e a comunicação social, até às diversas manifestações de quebra de confiança feitas sentir por muitos agentes económicos e sociais, passando ainda pelas dúvidas sobre a saúde da coligação governamental. A remodelação ministerial da semana passada (feita apenas quatro meses depois de o Governo tomar posse e que Santana considerou apenas um"reajsute") e a forma como o primeiro-ministro reagiu às muitas criticas que vinham da esfera de influência do PSD - discursando na qualidade de primeiro-ministro, Santana comparou o Governo a um bebé que está na encubadora e a quem os irmãos mais velhos vão dando estaladas e pontapés - foram também determinantes para Sampaio. Para o Presidente da República accionar a chamada "bomba atómica" contribuíram ainda os indicadores de falta de confiança da maioria população, reveladas através da maioria das sondagens, e dos agentes económicos e sociais, que não confiavam em Santana Lopes para garantir a estabilidade governativa e levar a cabo as políticas indispensáveis para fazer face à delicada situação do país sempre referenciada pelos principais economistas portugueses."
Estes foram os motivos invocados por Jorge Sampaio há 5 anos para dissolver a Assembleia da República (bem sei que agora pouco importa, mas noto que nos motivos avançados a Assembleia da República não é referida por uma ocasião).
Gostava agora de saber qual a opinião dos que concordaram com a decisão de Sampaio, em face dos acontecimentos dos últimos meses que envolvem o Governo e o seu primeiro-ministro.
sabado

Sem comentários: