segunda-feira, 6 de abril de 2009

O PRESIDENTE

Segunda-feira, 6 de Abril de 2009
O Presidente e o povo
.

«Cry 'Havoc', and let slip the dogs of war»


Marcus Antonius in
SHAKESPEARE, William, Julius Caesar, Acto III - Cena I, 1599

Consta que o Prof. Cavaco Silva soltou os "cães de guerra". Creio que não. Prepara terreno para mais uma penosa declaração subtil.

A verdade é dura e costuma vir crua. Já não é viável a renovação do mandato eleitoral do prof. Cavaco Silva com o apoio, ou neutralidade ou sequer divisão, do Partido Socialista: essa tese caíu. Nem sei porque se acreditou: os socialistas nunca votariam Cavaco, mas Alegre.

Porém, o conselho da aliança contra natura com Sócrates, que tem vigorado, degradou o poder do Presidente da República. O poder é um músculo que, quando não se exercita, atrofia-se. O Presidente perdeu força e espaço de manobra, com a discordância confinada a meros reparos públicos, cuja subtileza, de tão leve, nem sequer é compreendida do povo, à crítica rara sobre áreas marginais (como o Estatuto dos Açores) para o poder socratino e à intervenção discreta com um alcance que não se vê, nem se sente... nem tem. Quando mais se abaixa o Presidente, mais se expõe a sua fragilidade, mais fraco fica. Não é só o Governo que fica, consequentemente, com mais poder e lhe perde o medo: as demais entidades do Estado não o respeitam, com relevo para o Procurador-Geral da República. E, por outro lado, a omissão face à irregularidade do funcionamento da democracia torna-se, por osmose indevida, a política oficial do PSD.

Estamos num momento crítico, onde a decisão, a escolha do lado, é inadiável. Se o Presidente da República não se pronunciar e não intervir, toma parte: a parte de José Sócrates. No caso Freeport está em causa o regular funcionamento das instituições democráticas. Se as instituições com obrigação de intervir não assumem a sua responsabilidade, o povo tem de agir.

5 votes

Publicado por António Balbino Caldeira em 4/06/2009 01:59:00 PM
in portugal profundo

Sem comentários: